terça-feira, 12 de abril de 2011

Hidrocefalia


A hidrocefalia consiste na dilatação anormal do sistema ventricular (porção do sistema nervoso central localizado no encéfalo) com acúmulo de fluido cerebroespinhal. Podemos observar maior incidência entre cães das raças:
·         Bulldog inglês e francês;
·         Chihuahua;
·         Boston terrier e boxer;
·         Lulu da Pomerânia.
A hidrocefalia pode ser congênita (cão já nasce com o problema) ou adquirida. No caso da congênita, a manifestação pode ser notada nos primeiros dias de vida até 1 ano de idade. Caso tenha sido adquirida pode ser manifestar em qualquer idade causada por outro problema primário como doenças inflamatórias ou presença de tumores intracranianos. Neste artigo vamos dar ênfase à hidrocefalia congênita, muito vista em ninhadas de bulldog inglês e francês na rotina clínica.
Os sinais clínicos mais comuns que o filhote apresenta são;
·         Diminuição da consciência;
·         Sonolência excessiva;
·         Cegueira;
·         Vocalização;
·         Incoordenação;
·         Estrabismo ventrolateral;
·         Padrões respiratórios anormais;
·         Crises convulsivas.
O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, histórico e exames complementares como radiografia craniana e/ou análise do líquido cerebroespinhal. O tratamento a ser ministrado pode ser cirúrgico ou conservador, conforme estado geral do filhote e grau da hidrocefalia. A forma congênita leve apresenta prognóstico bom. No entanto, o prognóstico é reservado em casos de hidrocefalia severa com comprometimento das funções nervosas do filhote.

Filhote de boxer com hidrocefalia apresentando estrabismo ventrolateral.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Nutrição canina

Tabela das diferenças fisiológicas entre homem, cão e gato:


Homem
Cão
Gato
Superfície de olfato
3 cm²
200 cm²
20 cm²
Células olfativas
20 milhões
220 milhões
65 milhões
Dentição
32 dentes
42 dentes
30 dentes
Duração da refeição
± 1 hora
1-3 minutos
Refeições múltiplas
Enzimas digestivas na saliva
Sim
Não
Não
Volume estômago
1,3 L
Até 8 L
0,3 L
Necessidade de carboidratos na dieta
60 – 65 %
Muito baixa
Muito baixa
Necessidade de proteínas na dieta
8 – 12 %
20 – 40 %
25 – 40 %
Necessidade de gorduras na dieta
25 – 30 %
10 – 65 %
15 – 45 %
Regime alimentar
ONÍVORO
SEMI-CARNÍVORO
CARNÍVORO

 Fonte: Professor Dominique Grandjean, da UMES de Alfort.
O cão geralmente ingere a refeição sem saborear os alimentos, deglutindo em grandes pedaços. Podemos verificar que são poucos os cães que mastigam, essa ausência de mastigação pode ser explicada pela falta de enzimas digestivas presentes na saliva. Como não há necessidade da mastigação para iniciar a digestão o cão engole direto. As mandíbulas do cão têm a função de rasgar o alimento e não de mastigação. O estômago canino tem a capacidade de armazenar grandes volumes, assim se adaptando a refeições rápidas e esporádicas. O estômago também apresenta uma acidez bastante elevada, facilitando a digestão de ossos e eliminação de bactérias. Apresenta intestino delgado curto, assim não estando adaptado à digestão de carboidratos em excesso. A flora intestinal é reduzida em relação ao homem, assim não está adaptado a ingerir grande variedade de alimentos.
Podemos verificar que o organismo animal é totalmente diferente do humano em termos de nutrição, assim fica o alerta para nunca fornecermos alimentos humanos aos cães.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Obesidade canina

A obesidade consiste na presença de excesso de gordura no corpo do animal que venha a comprometer as funções normais ou predispor o cão a problemas de saúde. Sabemos que algumas raças como os bulldogs são mais predispostos à obesidade, tanto pela estrutura corporal quanto pela tendência a serem mais calmos, pacatos e glutões.
Alguns fatores que podem contribuir ao ganho de peso:
1.       Excesso de petiscos ou alimentos de uso humano;
2.       Oferecimento de mais ração que o necessário;
3.       Deixar ração à vontade o dia todo;
4.       Atividade física reduzida;
5.       Animal entediado e desocupado geralmente tende a comer mais.

A obesidade pode comprometer o sistema cardiovascular e músculo-esquelético do paciente.  Assim alguns cães acabam manifestando problemas cardíacos pelo excesso de peso. Também podem ter problemas ligamentares (ruptura de ligamentos do joelho, por exemplo)  ou agravamento de patologias pré-existentes pelo excesso de peso.
A avaliação da condição corporal do cão é realizada pelo veterinário que observa itens como: cobertura de gordura na região das costelas, presença de cintura quando olhado de cima e proporção da cabeça em relação ao resto do corpo. Vale lembrar que a avaliação veterinária é importante para diferenciar a obesidade por problema endócrino (hipotireoidismo, síndrome de cushing) da obesidade por hiperalimentação.
Ficam algumas dicas para o emagrecimento de seu cão:
1.       Aumento da atividade física de forma lenta e gradual;
2.       Ter ciência que a perda de peso do cão acontece muito devagar;
3.       Oferecer ração Light;
4.       Cessar os petiscos ou outros extras que o cão recebe;
5.       Lembrar que os cães magros vivem com mais qualidade e longevidade.
Por exemplo: se você tem um bulldog de 30kg e inicia a dieta com ração Light em quantidade adequada e caminhadas de 15-20 minutos, três vezes na semana; espera-se que o seu cão perca em média 1 kg a cada 30 – 45 dias.
 Antes e depois da Clara bulldoga:

                                                    Clara antes da dieta com 30kg
                                                                   
                    
Clara após 6 meses de dieta com 22.5kg


Artrite

A artrite é a deterioração da cartilagem da articulação, consiste na artropatia (doença da articulação) mais comum dos cães. Sua origem é relacionada com traumatismos ou com problemas pré-existentes como displasia coxofemoral (quadril) ou displasia de cotovelo. No caso dos bulldogs acontece comumente durante aquelas brincadeiras mais enérgicas em que se batem e continuam correndo como se nada tivesse acontecido e depois de um tempo começam a mancar. Sempre observar a possibilidade do surgimento da artrite após fraturas ou luxações. Animais mais velhos tem maior suscetibilidade ao problema pelo envelhecimento dos tecidos e redução da quantidade de colágeno dos ligamentos e condroitina da articulação. Cães obesos também sobrecarregam suas articulações e têm maior exposição à artrite.
Podemos verificar a presença de sinais como dificuldade de caminhar ou um andar mais endurecido, como se não conseguisse dobrar a articulação. Muitos animais só manifestam os sintomas durante realização de exercícios, enquanto outros têm dificuldade de movimentação apenas ao acordar. Outro sinal bastante comum é a dificuldade na extensão dos membros  e inchaço e dor na articulação. Muito importante ressaltar que muitas vezes os pacientes manifestam sinais intermitentes, ou seja, mancam um pouco e param. Assim podemos pensar que o problema se resolveu sozinho, mas na verdade apenas estamos tendo uma evolução crônica que dificulta o tratamento no futuro.
O diagnóstico é realizado pelo exame clínico com histórico do paciente e exames de raio x da articulação acometida. Se for necessário, são solicitados outros exames como coleta do líquido sinovial e cultura bacteriana. O tratamento pode ser médico ou cirúrgico, varia de acordo com gravidade do caso e avaliação do veterinário. O tratamento medicamentoso é realizado com fármacos que tentam reduzir a inflamação na articulação e promover a renovação da cartilagem. A fisioterapia é muito útil nestes casos, já que tenta reestabelecer a atividade do membro com aumento da extensão dos movimentos e massagem. Caso o paciente seja obeso, solicitamos a redução de peso imediata. Se o tratamento com medicações não tiver resultados satisfatórios, a cirurgia é a opção. O prognóstico e evolução do paciente com a cirurgia vão variar com a gravidade do caso, idade do paciente e articulação acometida. Para acompanhamento e realização de procedimentos cirúrgicos ortopédicos indicamos sempre um médico veterinário ortopedista.
Então fica a dica, sempre que seu bull mancar, mesmo que de forma passageira, procure seu veterinário. Se tivermos um caso de artrite, poderá ser resolvido rapidamente com medicações sem necessidade de cirurgia.

Imagem mostra a articulação normal do quadril (região coxofemoral)



Imagem evidencia o início do processo de deterioração da cartilagem


Esquema mostra os locais mais comuns de aparecimento de artrite no cão

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Oto-hematoma


O Oto-hematoma é acúmulo de sangue na cartilagem auricular, geralmente identificado pelo inchaço da porção côncava da orelha do cão. Geralmente o surgimento do problema ocorre pela coceira e agitação da cabeça gerada pela presença de otite externa. O cão fere a cartilagem do ouvido durante o processo podendo levar à fratura cartilaginosa, assim ocorre o rompimento de veias e artérias auriculares. Também existem outras razões para o surgimento do oto-hematoma como algumas síndromes sistêmicas endócrinas e brigas entre cães.
Inicialmente podemos observar o inchaço e sensação flutuante da cavidade da orelha. Caso o oto-hematoma não seja adequadamente tratado a orelha adquire uma aparência de “couve-flor”. O diagnóstico é possível através do exame clínico do paciente e histórico. O tratamento inicia com a identificação do agente causador da otite e estabelecimento do protocolo adequado. Pode-se fazer a punção do conteúdo sanguinolento do oto-hematoma como tratamento paliativo e temporário, já que ocorre o novamente o preenchimento do local. O tratamento definitivo é cirúrgico e têm como objetivo a remoção do hematoma, retirada de tecidos fibrosos do local e manutenção da aparência normal da orelha. A permanência do hematoma no local causa dor e desconforto ao animal.
O pós-operatório exige alguns cuidados como a manutenção da higiene dos pontos, uso de colar elisabethano, limpeza e aplicação de medicações para otite e manutenção de ataduras na cabeça fixando a orelha e mantendo o conduto auditivo exposto. No caso dos bulldogs temos muito cuidado na aplicação das ataduras para que não restrinjam a respiração deles. Os pontos são geralmente retirados com 14 dias de pós-operatório, e nesse tempo o veterinário deverá revisar com certa periodicidade a fim de evitar complicações com os mesmos.
O prognóstico é excelente se o pós-operatório for adequadamente seguido, e principalmente se a otite causadora do problema for resolvida. Muitas vezes a resolução definitiva da otite se dá com coleta de swab do local para que a bactéria/fungo/ácaro seja identificado e a qual fármaco apresenta sensibilidade.
Fica a dica: sempre que o cão for para o banho solicitar que qualquer alteração na coloração ou odor do cerúmen seja avisado e também se ele apresentar dor durante a limpeza dos ouvidos. Em casa também é possível fazer a inspeção visual do local, caso seja observada secreção escura ou amarelada, procurar o veterinário. O cão também mostra outros sinais de otite e desconforto no ouvido como intolerância a carinho na cabeça, coceira do local e sacudir de cabeça. Pacientes que têm otite crônica devem ter uma atenção especial, já que estes são mais suscetíveis a lesões que geram o oto-hematoma.


Imagem de oto-hematoma grande


Imagem de oto-hematoma moderado

Úlcera gástrica


A úlcera gástrica é uma lesão que se inicia na camada mucosa do estômago e se estende até as camadas mais profundas. Podemos ter como causa a administração de medicações, presença de tumores e a síndrome de Zollinger-Ellison.
Nos cães, a causa mais comum de ulceração gástrica é a utilização de medicações como diclofenaco (Cataflan®), Ibuprofeno (Advil®), aspirina, fenilbutazona, entre outros. Verificamos a administração caseira dessas medicações, sem o conhecimento do veterinário. Tais medicações evitam a produção de uma substância chamada prostaglandina. A prostaglandina é responsável por um efeito protetor na mucosa estomacal, já que estimula a produção do muco do estômago. As úlceras estomacais geradas por medicamentos ocorrem rapidamente, em questão de horas após a administração o animal já pode ter a perfuração estomacal e grande risco de óbito. Muitas vezes os pacientes apresentam vômitos, com aparência de ‘borra de café’ ou com presença de sangue vivo, podem também apresentar diarréia com ou sem sangue.
As neoplasias estomacais mais comuns são os linfomas e os adenocarcinomas.. Podem causar perfuração estomacal por serem bastante invasivas ao tecido. Os sintomas observados são vômitos persistentes (possibilidade de presença de raias de sangue), inapetência, emagrecimento, anemia, entre outros.
A síndrome de Zollinger-Ellison consiste na presença de um tumor no pâncreas chamado gastrinoma. Este estimula a produção do hormônio estomacal chamado gastrina, que promove o aumento do suco gástrico. Assim o estômago fica muito mais exposto à ação ácida e apresenta maior risco de erosão e ulceração. Sinais clínicos verificados são vômitos, dor abdominal, emagrecimento, entre outros.
A mucosa estomacal tem grande capacidade de se recuperar de lesões menores, em cerca de 24-48 horas a mucosa pode cicatrizar. Mas dependendo da extensão e profundidade da lesão pode levar mais tempo. Se a causa da agressão não tenha sido removida, a mucosa não consegue iniciar seu período de recuperação e corre o risco de romper.
Durante o diagnóstico, o veterinário fará o exame clinico completo do paciente e se necessário solicitará exames complementares. Como por exemplo: exames de sangue, endoscopia gástrica, ecografia, exame de urina. O tratamento será realizado de acordo com o quadro do animal e em casos mais graves poderá ter a necessidade de correção cirúrgica. Muitas vezes não ocorreu a perfuração gástrica ainda, mas sim uma erosão do local, assim é possível o tratamento clínico em vez do cirúrgico.


Esquema mostra o surgimento das ulcerações estomacais

Imagem mostra duas úlceras gástricas em diferentes estágios

Mucocele sublingual ou rânula

        
A mucocele salivar é um acúmulo de saliva que vazou de uma das glândulas salivares ou de um ducto salivar. Esse acúmulo se dá na região da face, o local varia dependendo da glândula envolvida. Quando utilizamos o termo mucocele sublingual estamos nos referindo à saída de saliva da glândula que se localiza em baixo da lingua chamada sublingual. Não se definiu exatamente a razão do aparecimento deste problema, mas sabe-se que o uso de enforcadores pode levar a lesões no local que predisponham à mucocele. Isto pode ocorrer pelo trauma em algumas das glândulas salivares por uma tração forte,  levando à ruptura da estrutura e vazamento.
Logo que a saliva se acumula no local, inicia-se um processo inflamatório, levando a inchaço e dor moderada. Quando a boca do cão é aberta verificamos um aumento de volume embaixo da língua, com vermelhidão e certo desconforto. O diagnóstico é realizado através do exame clínico e história do paciente. Não é um problema que gere alterações gerais na saúde do cão, mas deve-se observar se o paciente continua a se alimentar e beber água normalmente.
O tratamento da mucocele sublingual é geralmente cirúrgico logo que diagnosticado. Na cirurgia é realizada a retirada da glândula sublingual e também a marsupialização. Este último termo refere-se a uma abertura na região inchada embaixo da língua, a fim de promover a drenagem do restante. Tal abertura cicatriza rapidamente não gerando complicações ou desconforto ao cão.
Mesmo após o procedimento cirúrgico e retirada da glândula sublingual, o animal continua tendo capacidade de umedecer o alimento. Esta é uma preocupação muito comum  pertinente nestes casos. A alimentação continua sendo realizada com facilidade pela presença de outras glândulas salivares que suprem a necessidade de produção salivar.
No pós-operatório oferecemos alimentos moles por 3 a 5 dias, antibióticos e antiinflamatórios. Esse período é suficiente para promover a cicatrização praticamente total do local. Geralmente os animais se recuperam muito bem da cirurgia e retornam à vida normal. Raramente verificamos complicações após a cirurgia e o prognóstico é excelente.

Imagem evidencia o acúmulo de saliva na região sublingual

domingo, 3 de abril de 2011

Hérnia Umbilical


A hérnia umbilical ocorre através do anel inguinal (umbigo) com a protusão de conteúdo abdominal. A causa é raramente conhecida, mas se sabe que muitos machos que são criptorquidas (condição do macho na qual uma dos testículos não desce ao escroto ficando retido na cavidade abdominal ou subcutâneo inguinal) apresentam herniação umbilical. Durante a formação do embrião e do feto pelo anel umbilical passam vasos sanguíneos e outros anexos responsáveis pela manutenção do feto. Logo após o nascimento a abertura se contrai e fecha, originando a cicatriz umbilical. A maioria dos animais que manifestam tal condição é jovem. É um problema comumente visto em bebês braquicefálicos (bulldogs, pugs, shih-tzus), já que apresentam uma pressão intrabdominal maior que outras raças pela maior dificuldade em expirar.
Caso ocorra estrangulamento de alguma víscera abdominal no interior da hérnia, o cão pode apresentar vômitos, dor abdominal, ausência de apetite, entre outros. O diagnóstico do problema se dá com exame clinico do paciente. Caso o veterinário ache necessário pode-se solicitar ecografia local a fim de definir o conteúdo herniário. O tratamento da hérnia umbilical é a redução cirúrgica da mesma. Durante o exame se deve definir a necessidade de urgência ou não na cirurgia, caso ocorra muita dificuldade ou impossibilidade na redução da hérnia (manobra que permite recolocação das vísceras/tecidos ao abdômen) indica-se realização do procedimento o quanto antes. Caso as vísceras retornem ao interior do abdômen facilmente, sem sinais de comprometimento local, a cirurgia pode ser programada mais tranqüilamente.
Não é aconselhado que fêmeas que apresentem hérnia umbilical emprenhem antes de resolverem o problema. Isso porque pode ocorrer a ampliação da hérnia durante a gestação e risco de comprometimento dos bebês e da mãe.
O prognóstico da cirurgia e recuperação cirúrgica é excelente, geralmente quando o pós-operatório é realizado de forma adequada. Exige alguns dias de repouso, medicações e cuidados com os pontos.


Imagem de hérnia umbilical pequena


Giardíase



A giardíase é uma infecção intestinal bastante comum que acomete os cães. Talvez a doença intestinal mais vista na rotina clínica. A giardia é um microorganismo que chamamos protozoário (não é bacteria nem vírus), infecta o intestino delgado interferindo na absorção de nutrientes pela mucosa e pode produzir diarréia. O cão adquire esta patologia pela ingestão de água ou alimentos contaminados com os cistos da giardia. Os cães jovens são as principais vítimas, no entanto animais de todas as idades podem se contaminar e manifestar os sintomas.
Muitas vezes o paciente tem a doença e não apresenta sinais clínicos, mas em outros casos pode pode apresentar diarréia abundante, presença de muco nas fezes e raias de sangue. Geralmente o animal defeca e no final sai uma quantia de uma gelatina transparente (o muco) e raias de sangue em volta. Também temos relatos de fezes semelhantes a “água de arroz”, assim como animais que perdem peso. Muitas vezes a manifestação dos sintomas é intermitente, em outras a apresentação da diarréia é contínua. Esta variação se deve às infecções oportunistas que se instalam simultaneamente à gíardiase. Como sabemos, a flora intestinal é composta por inúmeras bactérias benéficas à saude, no entanto se ocorrerem alterações no equilíbrio local (pH, disponibilidade de nutrientes, presença de sangue), estas podem se multiplicar descontroladamente. Geralmente os animais não apresentam febre, continuam comendo bem e brincando. Em casos mais sérios ou de infecções crônicas, o animal fica prostrado e pode apresentar inclusive vômitos.
O diagnótico é realizado pelo exame clínico, histórico do animal e exame de fezes. Exames fecais negativos não excluem a presença de giardíase, já que muitas vezes na amostra coletada não há presença de cistos da giardia. O tratamento é realizado com medicações que eliminam o protozoário, geralmente o animal recupera-se totalmente. O prognóstico da doença é excelente se tratado adequadamente.
A prevenção da giardíase pode ser feita pelo uso de água mineral e cuidados higiênicos na alimentação. Também temos a opção da vacinação contra a giardia, em geral a maioria dos bulls que vem ao consultório são aconselhados a vacinar. Alguns animais têm uma suscetibilidade bem grande a recorrentes infecções (por exemplo a cada 30-60 dias), nestes casos a vacinação é praticamente obrigatória. Para animais que passeam no parque, viajam para praia ou sítio, muitas vezes fica bastante díficil o controle da ingestão de água e demais coisas que estão pelo chão. Assim a vacinação traz uma certa tranquilidade e segurança à saúde do bull.

Aspecto da Giardia, vista ao microscópio


Esquema da contaminação pela Giardia


Aspecto das fezes de um cão com giardíase

EXPECTATIVA DE VIDA DOS BULLDOGS


Na rotina da clínica é muito comum sermos perguntados sobre o tempo de vida médio do bulldog. Sabemos que inúmeras são as fontes com as mais variadas informações, alguns alegam ser 8 anos enquanto outros defendem 12-13 anos. Pela experiência verificamos que ao longo dos anos os bulldogs estão vivendo mais tempo e com mais qualidade. Há alguns anos não disponibilizávamos de tantos exames diagnósticos quanto hoje, assim como as medicações e os tratamentos evoluíram bastante. O conhecimento da raça também vem crescendo muito, o que auxilia na identificação de patologias e escolha de tratamentos adequados. A maioria dos bulls atualmente passa por exames periódicos, já fez ao longo da vida check-up cardíaco e tem o olhar atendo dos donos para qualquer alteração. Na clínica verificamos inúmeros animais acima dos 10 anos de idade, inclusive recentemente nossas três pacientes mais velhinhas (duas bulls com 12 anos e uma com 13 anos) passaram por procedimentos cirúrgicos e se saíram muito bem tanto na cirurgia quanto na recuperação. Pela prática podemos referir que a expectativa média dos bulls atualmente está por volta dos 10-11 anos. Esse número varia de acordo com o clima da região que o animal vive, com os tipos de cuidados que recebe, com a exposição e manifestação de doenças e com inúmeros fatores próprios de cada bulldog.
Sabemos que o bulldog é um cão todo especial, então devemos ter inúmeros cuidados para garantir uma vida longa. Abaixo listo algumas dicas pra prolongar a vida do bull e deixá-lo sempre saudável:
1.       Controle de peso: o bulldog é um cão naturalmente gordinho pela estrutura óssea, tamanho e quantia de rugas. No entanto, devemos atentar bastante ao excesso de peso. Este pode trazer problemas cardíacos, respiratórios e esqueléticos, assim reduzindo a expectativa de vida do cão;
2.       Alimentação de qualidade: oferecer rações de alta qualidade como as super premium,  e evitar comida caseira ou alimentos que contenham sal, temperos ou gorduras.
3.       Check-up periódico: combinar com o veterinário revisões periódicas da saúde do Bull, isso inclui exames de sangue, cardíacos, entre outros. Indicamos que tais revisões iniciem no máximo após 1 ano de idade;
4.       Cuidados com o calor: o bulldog é muito sensível ao calor e umidade, assim sempre proporcionar ambientes agradáveis com água e gelo disponíveis. Se for passear com o cão, escolher os horários mais frescos do dia.
5.       Vacinação em dia.
Amigos, essa fofura é a Anne, uma bull de quase 13 anos!