quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lipoma

O lipoma é um tipo de neoplasia originária dos adipócitos (células de gordura). Pode surgir como uma massa única ou múltipla, tendo preferência por locais como o tórax e membros anteriores. Geralmente se localizam no subcutâneo (logo embaixo da pele), são moles, não aderidos, e facilmente removíveis via cirurgia. Os lipomas são tumores benignos, muito comuns em fêmeas idosas castradas.  
O diagnóstico é feito através do exame clínico do paciente e exames complementares. Na consulta através do exame físico, o veterinário determina qual a melhor forma de proceder para fazer o diagnóstico adequado. Assim poderá solicitar:
·         Raio x do local;
·         Ecografia;
·         Exames de sangue para check up geral;
·         Biopsia aspirativa do local;
·         Encaminhamento para cirurgia e posterior biopsia do tumor.
Opta-se pela cirurgia conforme a localização, tamanho e dúvidas sobre o diagnóstico. Essas dúvidas podem surgir quando os demais exames não foram conclusivos na confirmação do tipo de tumor.
O caso relatado via fotos é de um cão SRD, porte grande, de nove anos de idade, encaminhado de um abrigo. Apresentava aumento de volume no membro anterior esquerdo na região axilar, não se tem informações sobre o ritmo de crescimento do tumor. Essa massa estendia-se pela axila, tórax e dorso, sem haver comprometimento do movimento do braço esquerdo do paciente. O cão apresentava desconforto no local à manipulação e distensão da pele em vários pontos. Foi realizado raio x do local a fim de aproximar a extensão da neoplasia, verificou-se que envolvia apenas tecidos moles sem envolvimento ósseo e sem invasão do tórax. Os demais exames complementares permitiram que o paciente fosse submetido à cirurgia. Optou-se direto pela cirurgia sem biopsia aspirativa prévia em vista do tamanho avantajado do tumor e do desconforto apresentado pelo cão. Foi mantido um dreno no local pelo período de três dias. O paciente recebeu antibiótico, antiinflamatório e analgésicos. Uma amostra do material coletado foi enviada para exame histopatológico (biopsia) que indicou realmente lipoma. Os pontos foram retirados após 14 dias da cirurgia e o cão se recuperou totalmente.

Aspecto do lipoma antes do procedimento

Aspecto do lipoma antes do procedimento

Início do procedimento

Aspecto do lipoma durante a retirada

Aspecto do lipoma durante a retirada

Lipoma sendo cuidadosamente excisado

Tumor após retirada total da região axilar

Espaço morto gerado após excisão do lipoma

Colocação do dreno

Paciente em recuperação anestésica



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Fisioterapia Veterinária


Bulldog fazendo hidroterapia - ajuda no condicionamento fisico e perda de peso

A fisioterapia vem sendo cada vez mais utilizada em cães e gatos com excelentes resultados. Suas aplicações clínicas visam à recuperação, manutenção e promoção do organismo do paciente em termos de funcionalidade. Seu principal objetivo é a melhora da função física e qualidade de vida. A fisioterapia é amplamente utilizada em cães em recuperação após procedimentos cirúrgicos ortopédicos, em processos de fortalecimento muscular, no controle de doenças degenerativas ou crônicas, entre outros.
O fisioterapeuta veterinário utiliza várias técnicas na recuperação dos pacientes como terapia manual, alongamento, massagem e movimentação articular. Outras técnicas também podem ser associadas à terapia manual como a termoterapia e eletroterapia. O veterinário avalia o animal e reúne dados para criar um plano de reabilitação física. Essa avaliação é feita com o paciente em movimento e em repouso, e através do exame no local da lesão. O plano terapêutico é traçado individualmente e não pode ser generalizado, assim a avaliação individual torna-se muito importante. Geralmente inclui exercícios físicos específicos combinados às modalidades térmicas ou elétricas, conforme a necessidade de cada paciente. Além do aspecto curativo, a fisioterapia tem um aspecto preventivo de lesões. Em cães de competição, e execução de técnicas para evitar lesões durante as apresentações se mostram bastante eficazes. O fisioterapeuta traça um plano de controle de peso, troca do piso do local onde o cão fica, a redução ou aumento da atividade física, entre outros.
Em bulldogs as lesões mais comuns nas quais a fisioterapia tem importante papel incluem cirurgia de ruptura de ligamentos do joelho, cirurgia para a correção de fraturas, doenças crônicas como a osteoartrite, cirurgia na cabeça do fêmur (a mais comum é a cefalectomia) e cirurgia para correção de luxação patelar.

Labrador em Eletroterapia

Daschund fazendo fisioterapia em esteira aquática

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Medicamentos tóxicos e outras substâncias

Muitos produtos e medicações comumente utilizados podem causar alterações em alguns órgãos como o fígado. As lesões aparecem geralmente quando esses produtos são administrados sem controle. O fígado é bastante comprometido em casos de intoxicação, já que tem papel importante no metabolismo do organismo. A suscetibilidade a determinadas lesões é de acordo como a idade do animal, nutrição, espécie (cão ou gato), tipo de medicamento ou tóxico utilizado, doenças concomitantes e fatores hereditários. Os gatos são mais sensíveis à intoxicação e têm maior dificuldade de reversão do quadro. O risco é maior para pacientes caninos ou felinos com idade inferior a quatro meses, pois estes apresentam um fígado imaturo e incapaz de debelar determinadas intoxicações.

Os principais sinais clínicos incluem vômito, diarréia, icterícia (aspecto amarelado do corpo) e mal-estar. As drogas listadas a seguir são aquelas com maior risco de intoxicação se administradas de forma errônea: Paracetamol (uso proibido em gatos e contraindicado em cães), Carprofen, Fenobarbital, Glicocorticóides, entre outros. Outras substâncias como compostos clorados (água de piscina, por exemplo) e aflatoxinas (presentes em rações vencidas ou mofadas) também podem levar a danos hepáticos.

O diagnóstico é feito através do exame clínico e histórico do paciente, exames de sangue e se for necessário ecografia abdominal. O tratamento é realizado com internação do paciente, manutenção em fluidoterapia (soro endovenoso) e administração de medicações para minimizar sintomas. Muitas vezes o paciente leva mais de 7 dias para iniciar a recuperação. O prognóstico varia de acordo com o grau de intoxicação, muitas vezes o animal torna-se portador de insuficiência hepática por conta das lesões que o fígado sofreu.

Assim ficam as dicas:

·                        Evitar administrar medicações aos animais por conta própria, mesmo que tratamento similar tenha sido feito anteriormente ou com cão de algum amigo;
·                        Verificar data de validade dos alimentos que o cão consome e estado de apresentação;
·                        Evitar que o cão beba água da piscina;
·                        Evitar que o cão tenha acesso à gaveta de medicações da casa;
·                        Não aceitar dicas de pessoas não capacitadas sobre medicamentos e tratamentos.


Lembrar que o banho de piscina tá liberado, desde o cão não beba água daquelas piscinas que passam por tratamento com cloro. Outras piscinas pequenas que se utilizam da água da torneira não há problema.

Sempre verificar se a ração está dentro da validade e se está com aparência boa, caso pareça estar mofada não deixar o cão consumir.


Evitar deixar medicações ao alcance do seu cão, mesmo tendo um sabor desagradável, muitas medicações despertam interesse.


sábado, 5 de novembro de 2011

Gorda após recuperação da cirurgia



Amigos, cerca de um mês depois do resgate da Gorda e de sua complicada cirurgia, posto fotos dela recuperada. Esse trabalho de resgate de bulldogs, recuperação, tratamento e manutenção só é possivel pela parceria entre a Clínica Saúde Animal (minha clínica) e a Bullfashion (pet da Sueli Camargo). Agradeço de coração ao esforço de todos e a disponibilidade da Su de manter esses cãezinhos em recuperação sob seus cuidados. Aqui nosso trabalho é conjunto: os cães são resgatados, eu forneço o tratamento como cirurgia, medicações e vacinas (tenho o auxilio da colega e amiga Patrícia Pires) e a Su ampara eles em sua casa fornecendo alimentação, carinho e proteção. Depois de recuperados é feita a seleção dos futuros pais e assim encaminhados às novas familias. É um trabalho que dispende tempo e investimento, mas o retorno que temos é tão grande que compensa qualquer dificuldade.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tumor de mama em bulldog


O tumor de mama é uma das neoplasias mais comuns em fêmeas adultas ou idosas. O risco é agravado nas seguintes situações:
·           Animais não castrados – caso a fêmea venha a ser castrada antes do primeiro cio o risco é muito baixo (cerca de 0,5%), sobe para 8,0% caso seja castrada após o primeiro cio e chega a quase 30% caso venha a ser castrada após o segundo cio;
·           Fêmeas que receberam alimentação rica em gordura ou rica em proteínas como carne bovina ou suína antes do primeiro cio;
·           Pacientes que nunca tiveram filhotes e não foram castradas;
·           Fêmeas que receberam anticoncepcional (progestágenos exócrinos);
·           Pacientes com cistos ovarianos ou pseudogestação (gestação psicológica).
A cadeia mamária é formada por 4-5 mamas de cada lado, sendo que as mais acometidas pela neoplasia são as duas mamas caudais. O diagnóstico é realizado pelo exame clínico e histórico da paciente. O tratamento de eleição é a retirada cirúrgica de uma das cadeias mamárias e se possível castração concomitante. Caso as duas cadeias mamárias estejam comprometidas são necessários dois procedimentos cirúrgicos para resolução total. Sugere-se que o material seja enviado para biópsia a fim de determinar o tipo de tumor e prognóstico. Também temos opção de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia em alguns casos.
Antes do procedimento, é necessária a realização de exames complementares. O raio x de tórax é muito importante para determinar a existência de metástases pulmonares e assim avaliação do risco trans-operatório. Exames de sangue também se fazem necessários, assim como check up cardíaco. Muitas vezes quando são diagnosticadas metástases pulmonares com comprometimento severo da função respiratória, opta-se pela não realização da cirurgia. Nesses casos o risco no trans-operatório é muito grande e a qualidade de vida pós-operatória fica comprometida.
O prognóstico varia de acordo com o tipo de tumor e grau de evolução. Assim a melhor forma de prevenção está na castração precoce quando não houver intenção de reproduzir, evitar uso de anticoncepcionais injetáveis ou orais, palpação freqüente da região, alimentação balanceada e revisões periódicas no veterinário.
Fotos: a bulldoguinha amada da foto chama-se Gorda, tem 9 anos e foi vítima de maus-tratos e abandono. Veio à clínica recentemente apresentando um tumor de mama grande sem comprometimento pulmonar ao raio x e sem alterações ao exame de sangue. Foi adotada por nós e realizou a primeira cirurgia, se recupera bem. Agora ela está mais gordinha e bem mais feliz.
Aspecto do tumor de mama antes da cirurgia

Aspecto do tumor de mama antes da cirurgia

Depois da cirurgia, durante a troca de curativos

Após a troca de curativos passeando na clínica

Ganhando um abraço apertado, minha fofa.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cistite

A cistite consiste na inflamação da bexiga, é uma vesicopatia muito vista na rotina clínica. Podemos ter várias razões para o seu surgimento:
* origem bacteriana: a contaminação bacteriana pode ocorrer pela migração de bactérias das fezes para a uretra e bexiga. Muito comuns em fêmeas após o cio e em machos e fêmeas que têm o habito durante a micção de contatar o chão ou outra superfície, assim propiciando a entrada de bactérias. Também temos algumas patologias renais que podem levar a cistite;
* origem medicamentosa: cães que estão em tratamento com quimioterápicos podem apresentar cistite tanto pela ação do quimioterápico no local quanto pela redução da imunidade;
* secundária a outras doenças: algumas patologias podem ser responsáveis pelo surgimento da infecção como vemos em casos de diabete mellitus que pode gerar um quadro chamado cistite enfisematosa;
* tumores e cálculos: a presença destes pode gerar lesões na parede mucosa da bexiga e propiciar o surgimento da cistite;
* origem fúngica: cães imunodeprimidos podem ser mais suscetíveis à contaminação por fungos e seu crescimento no interior da bexiga.
A cistite pode se apresentar de forma aguda com surgimento repentino ou forma crônica com quadros que se estendem por mais tempo. Os sinais clínicos observados incluem aumento da freqüência de micções, febre, odor desagradável da urina e prostração. Em casos de cistite hemorrágica ou tumores vesicais, a urina pode ser composta na sua maioria por sangue vivo ou coágulos. Em casos de cálculos vesicais a urina pode ter a presença de sangue e de pequenos cristais semelhante à areia.
O diagnóstico é realizado pelo exame clínico do cão, ultrassonografias abdominais e exames de urina e de sangue. Para a cistite bacteriana o tratamento é realizado com uso de antibióticos e exames de controle. Nos casos de cálculos vesicais se faz além da medicação, alterações na dieta com introdução de ração especial e, se necessário, cirurgia para retirada dos cálculos. Quando a cistite é gerada pela presença de tumores, indica-se procedimento cirúrgico e biópsia do material.
O prognóstico da cistite varia de acordo com o caso, mas em geral cistites bacterianas têm resolução simples e rápida, enquanto os tumores têm um prognóstico que varia de acordo com seu tipo e classificação.
A prevenção pode ser feita oferecendo ração de boa qualidade, de preferência sem muitos petiscos e evitando totalmente alimentos humanos. A higiene também é importante, principalmente em fêmeas no cio com limpeza do local e banhos regulares.


Nos casos de cistite, ocorre um espessamento da parede da bexiga com inflamação e redução do interior, por isso os cães têm necessidade de urinar com maior freqüência e em pequena quantidade.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Coprofagia Canina




É muito comum no consultório a reclamação de que o cão está comendo fezes, as vezes são suas próprias e as vezes, de outros animais. Há uma atração natural do cão por fezes de animais herbívoros (cavalos e bovinos), principalmente aqueles cães que estão com deficiências nutricionais. Consideram-se normais aquelas fêmeas que fazem a higiene de seus filhotes ingerindo fezes e urina dos mesmos. A coprofagia é considerada anormal quando o cão ingere seus próprios excrementos ou de outros cães. Este comportamento inadequado ainda não foi completamente elucidado, no entanto existem algumas razões que exemplifico abaixo:

* coprofagia em resposta à punição por sujeira em local inapropriado, assim o cão faz a remoção das evidencias e não é punido;
* doença endócrina: hipertireoidismo, diabete mellito;
* coprofagia induzida pela administração de drogas como glicocorticóides e fenobarbital;
* doença que leve à assimilação de nutriente de forma insuficiente: enteropatia inflamatória ou parasitismo intestinal.

Verificamos alguns sinais clínicos nos pacientes coprofágicos:

·        Halitose (hálito com odor desagradável);
·        Sinais gastrointestinais: vômitos, diarréia, flatulência, eructação.

Sempre devemos fazer a diferenciação entre a coprofagia comportamental e a clinica. É possível diferenciá-las através do histórico do paciente, avaliação da dieta e do ambiente onde reside, manejo que os donos têm com o cão, exame físico completo e exames complementares. Quando for diagnosticada a coprofagia clínica, deve-se proceder ao tratamento da patologia pré-existente a fim de resolver a ingestão fecal.
Quando o problema for comportamental exclusivamente podemos:
·        Proceder à limpeza dos excrementos logo que o animal defecar;
·        Passear com o cão a fim de que defeque na rua, caso venha a querer mesmo assim ingerir as fezes, utilizar focinheira para retirar o hábito;
·        Oferecer um petisco logo após defecar, assim aguardará sempre a recompensa não associando mais o momento com a ingestão fecal;
·        Uso de medicações específicas a fim de tornar as fezes desagradáveis à ingestão.


Também verificamos inúmeros relatos de proprietários que utilizam abóbora na dieta, assim conseguiram que seus cães encerrassem esse hábito desagradável, mas não temos comprovação científica a respeito desse uso.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Pancreatite

O pâncreas é um órgão responsável pela produção de enzimas digestivas e alguns hormônios. Tais enzimas digestivas fazem a digestão de carboidratos, proteínas e gorduras. Os hormônios produzidos pelo pâncreas são:

* insulina: responsável pela redução do nível de glicose sanguíneo;
* glucagon: responsável pela elevação do nível de glicose sanguíneo;
* somatostatina: controla a liberação dos dois hormônios anteriores.

O pâncreas se localiza próximo ao estômago e ao duodeno no abdômen do cão. Devido a sua importância na digestão e na produção de hormônios, as patologias do pâncreas possuem significativa relevância na prática clínica.


Localização do pâncreas no corpo do cão.

Visão do pâncreas em corte longitudinal.

A pancreatite é a inflamação do pâncreas, pode ser dar de forma aguda ou crônica. Essa inflamação pode levar a quebra dos mecanismos de defesa que impedem que o pâncreas seja digerido por suas próprias enzimas digestivas, assim ocorre um processo de autodigestão.

Quando ocorre pancreatite, vários sistemas do corpo do cão podem ser acometidos:
1.                      Gastrointestinal: a inflamação do pâncreas pode comprometer o estômago e intestino que estão próximos levando à redução na motilidade de ambos;
2.                      Hepático: pode ocorrer comprometimento pelo vazamento de enzimas do pâncreas ao fígado e vesícula-biliar;]
3.                      Respiratório: pode ocorrer edema pulmonar em decorrência da pancreatite;
4.                      Cardiovascular: podem ocorrer arritmias cardíacas pela liberação de determinados fatores pancreáticos;
5.                      Hematológicos (sanguíneos): a coagulação sanguínea pode ser ativada sem ferimentos ou lesões.

Essa doença geralmente acomete animais adultos por volta dos 6 – 7 anos de idade. Verificamos que os sinais clínicos mais comuns são:
# Letargia, inapetência;
# Vômitos;
# Perda de peso;
# Dor abdominal;
# Diarréia.

As causas da pancreatite ainda não são totalmente conhecidas, mas verificamos que dietas ricas em gorduras e proteínas podem predispor o animal. Outros fatores como administração errônea de medicamentos também podem predispor ao problema, assim como agentes infecciosos como a toxoplasmose.

Alguns fatores de risco são arrolados como causadores da pancreatite: obesidade, diabetes melitus, síndrome de Cushing e insuficiência renal crônica.
O diagnóstico é realizado via exames de sangue (hemograma e bioquímica sanguinea) e exames de imagem (rx e ecografia).

O tratamento da pancreatite é hospitalar, com administração de medicações e fluidoterapia intensiva. O cão é mantido em jejum total por até 5 dias a fim de reduzir a produção de enzimas pancreáticas,  e depois pequenas quantidades de alimento são introduzidas lentamente.

O prognóstico da pancreatite é reservado para os casos em que ocorre necrose ampla do pâncreas, mas para os demais casos geralmente o prognóstico é favorável. As falhas no tratamento geralmente ocorrem com a alimentação prematura do paciente, antes de o pâncreas estar totalmente recuperado e apto para produzir enzimas novamente.

Imagem mostra processo inflamatório na porção central do pâncreas (pancreatite)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Bronquite crônica





A bronquite consiste na tosse persistente por várias semanas que não apresente nenhuma causa específica aparente. Suspeita-se de uma inflamação das vias áreas, causada por agentes infecciosos ou por agentes alérgenos. Geralmente ocorrem alterações nos tecidos que revestem o trato respiratório, levando a edema (inchaço) e espessamento do local com aumento da produção de muco denso.

O sinal clínico mais marcante que verificamos é a tosse seca, comumente associada ao engasgo após a tosse que simula um quadro semelhante ao vômito. Podemos verificar também a intolerância aos exercícios, cianose (alterações na cor de mucosas e língua que passam do rosa tradicional ao azulado) e síncope (desmaio).

Alguns fatores de risco são relacionados à bronquite crônica:
1.                       Exposição prolongada aos agentes irritantes: por exemplo, pó de cimento, produtos químicos de limpeza e fumaça de cigarro;
2.                       Obesidade;
3.                       Odontopatias: doenças dentais predispõem ao aporte bacteriano para as vias respiratórias;

O diagnóstico é realizado pelo exame clínico do paciente, coleta de exames de sangue e radiografias de tórax. Dependendo da avaliação do veterinário, talvez sejam necessários outros exames para exclusão de cardiopatias. O tratamento deve ser realizado com utilização de antitussígenos, se necessário antibióticos e antiinflamatórios. É importante o monitoramento do peso do paciente e evolução do tratamento. Muitas vezes processos crônicos têm tratamento demorado com resultados lentos.

Na rotina clínica, verificamos um número grande de bulldogs com processos respiratórios crônicos. Muitos apresentam piora significativa no período de inverno, ainda mais quando associados à gripe canina (traqueobronquite infecciosa canina). Assim fica a dica de vacinação contra a gripe e observação do cão, diante de qualquer sinal anormal procure seu veterinário.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Reações alimentares (dermatológicas)



São processos pruriginosos (geram coceira) na pele, originados a partir da ingestão de substâncias alergênicas. Podem ser reações imediatas ou tardias a alimentos específicos, essas reações se manifestam através dos seguintes sinais:

1.      Prurido (coceira) em qualquer parte do corpo;
2.      Otite externa;
3.      Vômito, diarréias e gases;

Estima-se que até 15% das dermatopatias (doenças de pele) são originadas a partir de reações alérgicas aos alimentos.

Ao exame clínico verificamos alguns sintomas como crostas, escamação, eritema (vermelhidão da pele), alopecia (falta de pêlos), hiperpigmentação, escoriações, entre outros. Um fator de risco comumente encontrado é a presença de parasitas intestinais que podem lesar a mucosa do intestino, assim ocorre uma lesão do local com alta absorção de alérgenos e conseqüente reação.

Devemos diferir hipersensibilidade alimentar de outras patologias de pele como por exemplo:
1.      Hipersensibilidade à picada de pulga;
2.      Atopia;
3.      Hipersensibilidade a medicamentos;
4.      Sarnas em geral.

O tratamento é realizado com uso de drogas antipruriginosas a fim de reduzir a coceira, antiinflamatórios e antibióticos se necessários. É importante a tentativa de identificação do agente causador, eliminando alimentos extras da dieta como os petiscos e observando as reações geradas. O ideal é a adoção do uso de rações hipoalergênicas por no mínimo 60 dias exclusivamente.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Prolapso Uretral



O prolapso uretral consiste na saída da camada de mucosa interna da uretra para o exterior. Verificamos a presença do prolapso na ponta do pênis do cão na forma de um tecido vermelho/arroxeado, friável que sangra com facilidade. Muito comum no Bulldog Inglês e no Boston Terrier. Além da predisposição racial, outros fatores podem contribuir para sua ocorrência:

* influências hormonais – principalmente durante a puberdade do cão (7-8 meses);
* aumento da pressão intra-abdominal – típico das raças braquicefálicas e leva a uma maior suscetibilidade aos prolapsos e hérnias;
* infecções urinárias;
* presença de cálculos (pedras) vesicais ou uretrais.

O diagnóstico é realizado pelo exame físico e histórico do paciente. Indica-se coleta de exames de sangue, radiografia e ecografia abdominal, a fim de descartar outras patologias concomitantes. Aqueles pacientes com sangramento excessivo do local devem ser submetidos à cirurgia da correção do prolapso e de castração simultaneamente, assim reduz-se o risco de recidivas. É muito comum a ocorrência de sangramentos da mucosa no pós-operatório, assim indicam-se avaliações veterinárias diárias.

Alguns pacientes não necessitam intervenção no local do prolapso, sendo que a castração é suficiente para controle da patologia. A avaliação veterinária definirá qual a melhor opção de tratamento.

Na rotina clínica, verificamos que cerca de 5% dos cães braquicefálicos machos são acometidos por esse problema.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cães em viagens de avião



Acompanhamos recentemente a perda do canino Pinpoo no aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre. O cão ficou desaparecido por duas semanas, teria fugido da caixa de transporte e perdeu-se pelo aeroporto e imediações. Esse fato expõe o medo que temos em transportar animais em aviões, ainda mais nossos bulldogs que em função do peso nunca poderiam embarcar na cabine. Já tivemos inúmeros episódios envolvendo bulldogs em viagens de avião, e algumas companhias nacionais não aceitam transportar a raça. A maioria dos casos o ganho de causa foi do dono do Bull, mas não há recessarcimento que supere para a perda de um amigo. Assim vamos deixar algumas dicas pra quem tem que transportar seu Bull, seja pra exposições, mudança de endereço ou turismo.

1.                     Caso o Bull seja filhote e possa embarcar na cabine, reserve o quanto antes, pois as empresas de aviação limitam o número de animais embarcados;
2.                     Confirmar que o tamanho da caixa é adequado o porte do animal e se a porta da caixa de transporte é segura e fecha bem;
3.                     No caso de cães braquicefálicos desaconselhamos que viajem com panos ou cobertas, pelo risco de se enrolarem e risco de asfixia;
4.                     Identifique o bulldog colocando na peitera ou coleira os dados, assim como também coloque a identificação na caixa de transporte;
5.                     Os vôos noturnos são os mais indicados pelo menos movimento do aeroporto e por o Bull estar mais cansado e dormir melhor;
6.                     Evite alimentar o cão até 12 horas antes da viagem, assim o risco de vomitar e engasgar é menor. A água é liberada até 1 hora antes do vôo;
7.                     Caso o dono do cão embarque no mesmo vôo, avisar o piloto ou comissários que há carga viva no avião. Mesmo que teoricamente eles já saibam, não custa relembrar;
8.                     Caso o vôo faça conexão, retirar o cão da caixa de transporte e dar uma volta com ele, verificar se não quer urinar e defecar;
9.                     Não aconselhamos bulldogs que tenham patologias pré-existentes como cardiopatias a embarcar.

Documentação necessária para embarcar vôos nacionais (Revista Viagem e Turismo, maio de 2011):

1.                     Certificado de vacinação antirrábica (validade de 30 dias a 1 ano) e atestado de saúde do veterinário com 10 dias no máximo de validade;
2.                     Azul e Gol só embarcam animais com idade superior a 4 meses;
3.                     Na TAM e Avianca animais com menos de 3 meses precisam autorização do veterinário para voar;
4.                     Para pets na cabine reservar com antecedência e verificar com cada empresa aérea os requisitos;

Documentação necessária para embarcar vôos internacionais (Revista Viagem e Turismo, maio de 2011):

1.                      Providencie a documentação nacional e procure o posto do Ministério da Agricultura para emissão do Certificado Zoosanitário Internacional, valido por 10 dias;
2.                      Para vôos para UE, Japão e pela Emirates é necessário o laudo de sorologia antirábica (verifique com seu veterinário como obter);
3.                      A UE e Japão exigem cães com microchip de identificação;
4.                      Para pets na cabine reservar com antecedência e verificar com cada empresa aérea os requisitos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Halitose (mau hálito)

É muito comum na rotina clínica a reclamação de que o cão está com hálito desagradável. Ao contrário da crença popular, problemas estomacais e pulmonares não têm influência sobre o odor da boca. A causa mais comum é a periodontopatia, ou seja, doença gerada pela presença de tártaro, placa bacteriana ou restos alimentares na cavidade bucal. Muitas vezes a presença de tártaro leva a infecções nas gengivas que chamamos gengivites, gerando assim um odor ainda mais desagradável. Eventualmente a gengivite se agrava e envolve a porção óssea da face (maxila e/ou mandíbula) gerando um quadro bastante sério. O tártaro também pode levar ao acúmulo de bactérias na gengiva e migração delas para o coração gerando um quadro chamado endocardite, que pode levar ao óbito.
Verificamos que os pacientes mais predispostos a esses problemas são os braquicefálicos (bulldogs, pugs) e raças pequenas (poodles, shih-tzu). Os sinais clínicos mais observados são halitose e arranhadura da boca com as patas. Muitos pacientes reduzem a ingesta alimentar por dor ou desconforto, principalmente os animais mais velhos.
O tratamento consiste na limpeza dos dentes (chamamos profilaxia dentária) sob anestesia. Nesse procedimento fazemos a remoção do tártaro via ultrassom e polimento dos dentes. Na maioria das vezes é necessário que o cão receba antibióticos antes e depois do procedimento a fim de evitar que as bactérias se espalhem pelo corpo via sanguínea.
A melhor forma de evitar que o cão desenvolva halitose e doenças bucais é a prevenção. Mas vale lembrar se o tártaro já está fixado, deve-se primeiro providenciar a profilaxia dentária para depois fazer a prevenção. Pode-se prevenir utilizando pastas dentais como a C.E.T ® (marca Virbac) uma vez a cada 7 dias, este produto faz uma ação bem ampla de proteção evitando que o tártaro se acumule. Outro produto chamado Aquadent ® (marca Virbac) que é misturado na água também ajuda na prevenção do tártaro e redução da halitose. É importante também atentar para alimentação do cão, alimentos muito moles tendem a se fixar mais nos dentes e promover a formação da placa dentária.

Imagem de periodontopatia severa - placas de tártaro em todos os dentes



terça-feira, 12 de abril de 2011

Hidrocefalia


A hidrocefalia consiste na dilatação anormal do sistema ventricular (porção do sistema nervoso central localizado no encéfalo) com acúmulo de fluido cerebroespinhal. Podemos observar maior incidência entre cães das raças:
·         Bulldog inglês e francês;
·         Chihuahua;
·         Boston terrier e boxer;
·         Lulu da Pomerânia.
A hidrocefalia pode ser congênita (cão já nasce com o problema) ou adquirida. No caso da congênita, a manifestação pode ser notada nos primeiros dias de vida até 1 ano de idade. Caso tenha sido adquirida pode ser manifestar em qualquer idade causada por outro problema primário como doenças inflamatórias ou presença de tumores intracranianos. Neste artigo vamos dar ênfase à hidrocefalia congênita, muito vista em ninhadas de bulldog inglês e francês na rotina clínica.
Os sinais clínicos mais comuns que o filhote apresenta são;
·         Diminuição da consciência;
·         Sonolência excessiva;
·         Cegueira;
·         Vocalização;
·         Incoordenação;
·         Estrabismo ventrolateral;
·         Padrões respiratórios anormais;
·         Crises convulsivas.
O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, histórico e exames complementares como radiografia craniana e/ou análise do líquido cerebroespinhal. O tratamento a ser ministrado pode ser cirúrgico ou conservador, conforme estado geral do filhote e grau da hidrocefalia. A forma congênita leve apresenta prognóstico bom. No entanto, o prognóstico é reservado em casos de hidrocefalia severa com comprometimento das funções nervosas do filhote.

Filhote de boxer com hidrocefalia apresentando estrabismo ventrolateral.